Rogério Balassiano e Guilherme Matta

maio 28 2025

Entregar um app muito complexo, sem conhecimento em ABAP ou front-end, em poucas semanas: como transformar a TI em um verdadeiro motor de valor para o negócio

No dinâmico ecossistema SAP, a pressão por modernização e agilidade nunca foi tão alta. Empresas que rodam SAP buscam constantemente otimizar processos, melhorar a experiência do usuário com interfaces intuitivas ao estilo Fiori e extrair o máximo valor de seus investimentos em S/4HANA. Contudo, o desenvolvimento de novas aplicações ou a modernização das existentes frequentemente esbarra em desafios significativos: prazos apertados, a complexidade inerente à plataforma, a necessidade de integrar diversas especialidades – do back-end ABAP ao front-end SAPUI5 – e a curva de aprendizado das novas tecnologias. Como, então, alinhar as entregas de TI com a velocidade que o negócio exige, sem comprometer a qualidade e a governança?

A realidade do desenvolvimento SAP moderno

A transição para o S/4HANA trouxe consigo um novo conjunto de paradigmas e melhores práticas, como o Clean Core, o uso extensivo de CDS Views para modelagem de dados e a promessa de aplicações Fiori responsivas e centradas no usuário. Essas são, sem dúvida, evoluções bem-vindas. No entanto, dominar essas novas frentes e aplicá-las eficientemente pode ser um obstáculo, especialmente para equipes que precisam conciliar o desenvolvimento de novas soluções com a manutenção do legado.

Rogério Balassiano, CTO da Tachyonix, com vasta experiência no mundo SAP, ilustra bem a visão da própria SAP sobre como lidar com essa transição. Ele menciona uma matriz de desenvolvimento em três camadas: a camada 3, onde se mantém o legado; a camada 1, onde se utiliza o standard SAP e suas extensibilidades; e a crucial camada 2. “Essa coisa nova, o standard me atende… vamos para a camada 1. Não tem ainda… vamos para a camada 2. Eu vou lá e desenvolvo seguindo as melhores práticas de Clean Core, CDS, Vue, Fiori, aplicação SAP i5 com Guideline e Fiori. Mantra.”

A busca por essa “camada 2” ideal, contudo, nem sempre é trivial. Encontrar profissionais que combinem profundo conhecimento ABAP com expertise em desenvolvimento front-end Fiori e nas nuances do S/4HANA pode ser demorado e custoso. Além disso, o tempo de desenvolvimento tradicional para aplicações mais robustas pode se estender por meses.

A otimização de performance é outro ponto crítico. Processos legados, quando retrabalhados com as tecnologias atuais, podem trazer ganhos expressivos. 

Balassiano cita um caso real: “Tinha um processo que rodava em background que levava uma hora… Ele trouxe para a camada de CDS… usando as melhores engines de CDS e VDM, ele caiu para 2 minutos na máquina de QA… de 1 hora, a gente conseguiu chegar em 2 minutos.” Esses ganhos não são apenas técnicos; impactam diretamente a produtividade do negócio.

Superando barreiras na prática: o desenvolvimento ágil de um aplicativo de fatura

Diante desse cenário, como seria possível que um profissional no início de sua jornada no mundo SAP, ainda sem vasta experiência em ABAP avançado ou conhecimento profundo de front-end, conseguisse desenvolver uma aplicação consideravelmente complexa, como um simulador da transação FV60 (entrada de faturas), em um prazo notavelmente curto?

Esse foi o desafio abraçado por Guilherme Matta, que iniciou na Tachyonix na área de teste, atualmente migrando para desenvolvimento e implementação. Segundo ele mesmo, seu conhecimento de front-end é “um pouco raso”. “Eu levei algo em torno de umas duas semanas para desenvolver a aplicação. Em termos práticos, foi cerca de uma semana mesmo, considerando desde o entendimento de todo o processo até a construção da interface, um pouco de lógica da gravação e também um pouco dos testes”, relata Matta.

O resultado é significativo: uma aplicação para registro de faturas, com interface moderna e responsiva, desenvolvida em um período que desafia as estimativas tradicionais. Um projeto dessa natureza, como observa Balassiano, “dentro de uma consultoria que não usa nenhum acelerador, mesmo considerando um ABAP Júnior, levaria pelo menos um mês. E esse ABAP Júnior teria que conhecer muito de front-end.”

Os pilares da eficiência: desvendando a agilidade na entrega

O que permitiu essa aceleração e a superação da barreira do conhecimento especializado em front-end? A chave está em abordagens e ferramentas que abstraem parte da complexidade técnica, permitindo que o desenvolvedor foque mais na lógica de negócio e nas necessidades do usuário.

No caso de Matta, a experiência foi transformada pela capacidade de:

  • Minimizar a codificação manual de front-end: “Da parte de SAP Wi-Fi, que seria a parte front-end, eu não precisei lidar com isso, não foi uma preocupação para mim”, explica.
  • Utilizar modelagem e componentes que simplificam a criação de interfaces: A preocupação com os detalhes intrincados do SAPUI5 foi removida.
  • Facilitar a criação e o consumo de CDS Views: “Cheguei a criar alguns CDS também, bem rápido, pude utilizar ele ali, facilitou bastante durante a minha aplicação.”
  • Agilizar os ciclos de teste: Focando apenas na regra de negócio implementada, já que a base da interface e sua compatibilidade são garantidas pela ferramenta utilizada.

Essa abordagem ressoa com a visão de Balassiano sobre as limitações de algumas alternativas. Desenvolver em Fiori Freestyle, por exemplo, exige um conhecimento profundo de SAPUI5. Ferramentas como SAP Build, embora úteis, podem, segundo ele, fugir do guideline Fiori e são mais orientadas ao BTP, nem sempre rodando nativamente no launchpad do S/4HANA. Já o Fiori Elements, embora gere código Fiori e não exija desenvolvimento manual de UI5, é muito limitado dentro dos guidelines e impacta na usabilidade do usuário final.

A ferramenta por trás da transformação: a abordagem da plataforma Tachyonix

A experiência de Matta foi potencializada pela plataforma Tachyonix. A filosofia da empresa, como explica Balassiano, não é substituir o desenvolvedor ABAP, mas sim “trazer produtividade para o desenvolvedor ABAP” e permitir que ele entregue soluções com maior velocidade e alinhadas às melhores práticas do S/4HANA, mesmo sem ser um especialista em todas as frentes tecnológicas.

A Tachyonix se posiciona como um acelerador que preenche uma lacuna importante, buscando oferecer a flexibilidade do Fiori Freestyle, a conformidade com os guidelines Fiori (semelhante ao Fiori Elements), e a capacidade de publicação tanto no BTP quanto no launchpad on-premise. Ela permite a criação de diversos tipos de artefatos SAP – desde relatórios e aplicativos de ação (CRUDs simples e complexos) até APIs, extratores de dados (ODP e CDC) e soluções de embedded analytics.

Matta comenta sobre essa facilidade: “A plataforma ajudou bastante a acelerar isso, principalmente na etapa de criação e na etapa dos testes depois de ser criado.”

Impacto amplo: benefícios para desenvolvedores, gestores e negócio

A adoção de plataformas que simplificam e aceleram o desenvolvimento tem um impacto que transcende a equipe de TI.

  • Para desenvolvedores: Profissionais como Matta, no início da carreira SAP ou com foco em back-end, conseguem entregar aplicações complexas e modernas. “Teams que contam com pessoas com menos experiência conseguem entregar soluções reais com mais rapidez e segurança. Além disso, é inegável que a curva de aprendizado é bem menor”, avalia Matta. Para os desenvolvedores experientes, como Rogério Balassiano (que se classifica como um desenvolvedor back-end raiz), a vantagem é “maximizar o tempo, maximizar o resultado. Podemos chamar de ‘um trabalho inteligente’.”
  • Para gestores: A mensagem é clara. Insistir em paradigmas antigos pode significar perda de competitividade. Guilherme Matta aconselha: “O mundo SAP evoluiu. E hoje é possível desenvolver com mais agilidade, com menor custo e com mais foco no usuário… A plataforma da Tachyonix, sem dúvida, entrega velocidade sem perder governança.” Rogério complementa, destacando que as melhorias não são “TI por TI”, mas sim para o negócio: “A gente pode olhar os paradigmas novos olhando meramente performance… acabar com aquele gargalo… trazer usabilidade.”
  • Para o negócio: O resultado final é a capacidade de responder mais rapidamente às demandas, otimizar processos com interfaces mais intuitivas e focadas na função do usuário – abandonando telas com excesso de campos desnecessários, como a antiga MM01 com suas 45 abas. “Isso que o Guilherme falou, ele fez um aplicativo de entrada de fatura pensado na função de quem vai usar esse aplicativo”, finaliza Rogério Balassiano.

Conclusão: O futuro ágil do desenvolvimento SAP é agora

A modernização do desenvolvimento SAP não precisa ser um caminho árduo e demorado. A experiência prática demonstra que, com as ferramentas e abordagens corretas, é possível superar os desafios de complexidade, acelerar as entregas e capacitar equipes a construir soluções robustas, performáticas e alinhadas com as expectativas dos usuários. Ao abstrair complexidades técnicas e permitir foco na lógica de negócio, plataformas como a Tachyonix mostram que o futuro ágil do desenvolvimento SAP já é uma realidade acessível, permitindo que as empresas colham os benefícios da inovação de forma mais rápida e eficiente, transformando a TI em um verdadeiro motor de valor para o negócio.