Cliff Saran

maio 14 2025

Conversamos com o CIO da distribuidora de gás espanhola Madrileña Red de Gas sobre como manter o SAP funcionando após o fim do suporte oficial.

A Madrileña Red de Gas, uma distribuidora regulamentada de gás natural com atuação em Madri, foi fundada em 2010 após ser vendida pela distribuidora de gás Nedgia.

Embora já tivesse uma rede e clientes, a empresa não possuía sistemas de TI. Era necessário um contrato temporário de prestação de serviços com a distribuidora para a prestação de serviços de TI e, portanto, havia um incentivo comercial para implantar um sistema de TI na Madrileña Red de Gas o mais rápido possível.

Glen Lancastle começou como diretor de informação (CIO) em 2010, mas com o surgimento de atividades voltadas para o cliente, a empresa percebeu a necessidade de usar a TI para gerar valor para seus clientes, o que o levou a assumir uma função dupla, como diretor de operações e CIO.

Tendo trabalhado anteriormente para a IBM em implementações do SAP IS-U Meter-to-Cash flow para concessionárias de serviços públicos na Espanha, Irlanda, Reino Unido e Grécia, Lancastle selecionou uma implementação simples do sistema SAP Enterprise Core Components (ECC) e do módulo IS-U, que foi totalmente implementada em seis meses.

Ao discutir a implantação original do SAP, Lancastle afirma: “Minha filosofia, e também a do nosso CEO, que vem de uma formação em TI, é que você compra um pacote e faz conforme o pacote lhe diz.

“Tínhamos pouquíssima personalização, o que criou algumas dificuldades em termos de gestão de mudanças”, acrescenta.

Mas agora, 10 anos depois, o sistema exigiu um grau maior de personalização.

Sem suporte
Embora o SAP IS-U tenha evoluído ao longo do tempo, Lancastle considerou que não valia a pena manter a implementação na Madrileña Red de Gas alinhada com a versão mais recente do SAP. “O SAP tem evoluído, mas ficou para trás do ponto de vista da arquitetura, o que fez com que as empresas de distribuição de gás permanecessem onde estão, em vez de evoluírem com o SAP e migrarem para cada nova versão”, afirma.

Lancastle acredita que a SAP não tem sido muito clara em sua estratégia. “Primeiro, havia o banco de dados Hana, depois veio o S/4Hana, agora é a nuvem e o SAP Rise, mas nunca ficou muito claro qual é a relação entre tudo isso”, diz.

Segundo Lancastle, a SAP está focada em manter suas fontes de receita, o que tem implicações no relacionamento com os fornecedores, especialmente em organizações como a Madrileña Red de Gas, que não precisam das versões mais recentes.

“Dependendo do tipo de negócio que você tem, seu relacionamento com a SAP pode ser muito difícil”, afirma ele, citando a auditoria de software da SAP na Diageo, que resultou em £54 milhões em taxas de licenciamento associadas ao acesso indireto ao sistema SAP. Isso, segundo Lancastle, gerou muita desconfiança entre os clientes da SAP.

Tendo deixado de usar o suporte da SAP, Lancastle conta que a empresa decidiu, com o tempo, que era hora de adquirir suporte novamente — mas, dessa vez, com um provedor terceirizado, a Spinnaker, em vez da própria SAP, para oferecer ao negócio uma espécie de apólice de seguro.

“É realmente apenas uma apólice de seguro, que espero nunca precisar usar”, diz Lancastle. “Mas, se eu tiver que usar, quero ter ao meu lado pessoas que possam me oferecer o suporte de que preciso.”

Uma apólice de seguro
Embora a empresa tenha uma infraestrutura de TI ampla, ela é gerenciada por apenas três pessoas. “Todo o resto é terceirizado”, afirma. “Nós gerenciamos serviços e valorizamos o relacionamento com os fornecedores terceirizados e a ausência de burocracia.”

Lancastle diz que a escolha pela Spinnaker fez sentido. “Foi uma conversa muito fácil de ter”, afirma. “Eles [Spinnaker] entenderam nossa posição quando eu disse que não usaria muito o serviço deles — é mais uma apólice de seguro.”

Isso, para Lancastle, é importante, pois há uma grande diferença entre uma empresa que depende fortemente do suporte de terceiros e outra em que o serviço, com sorte, será utilizado apenas em casos pontuais.